Em busca da certificação

Além dos produtores da região de Pinto Bandeira, as vinícolas da região de Flores da Cunha e de Nova Pádua estão se unindo para obter a Indicação de Procedência para seus vinhos finos. Embora concentre as maiores áreas de cultivo de uva do país, 80% dos vinhos produzidos na região ainda são de mesa, ou seja, aqueles vinhos geralmente apelidados de vinho de garrafão elaborados a partir de uvas americanas.
Criada em 2002, a Associação dos Produtores de Vinhos dos Altos Montes (Apromontes) tem como meta elevar esse percentual a 50%. As 12 vinícolas filiadas à entidade (Trentino, Luiz Argenta, Panizzon, União de Vinhos, Fabian, Casa Venturini, Oremus, Mioranza, Terra Sul, Val de Miz, Viapiana e Salvador) estão desenvolvendo pesquisas conjuntas com a Embrapa para mapear solo, clima, ventos e temperatura. A partir desse trabalho, os produtores terão mais condições de definir as castas de uvas a serem cultivadas.
As características dessa região situada a 150km de Porto Alegre são distintas: vinhedos situados a uma altitude média de 700 metros acima do nível do mar, com clima subtropical e relativamente seco, com temperaturas oscilando entre 2ºC e 30ºC. O conhecimento empírico dos produtores levou a produção de vinhos elaborados a partir de castas pouco conhecidas do grande público, tais como a malvasia de Candia, montepulciano, refosco, marselan, moscato giallo, touriga nacional e alicante bouschet. Isso sem contar as tradicionais cabernet sauvignon, merlot, chardonnay e sauvignon blanc. Foi justamente na região de Flores da Cunha que nasceu o primeiro cabernet sauvignon brasileiro, elaborado a partir de videiras dessa espécie de vitis vinífera plantado em 1929 nas terras da extinta Granja União.
A obtenção da indicação geográfica é para esses produtores fundamental, pois o selo de controle de procedência é a certificação que assegura a qualidade aos vinhos produzidos nos Altos Montes.