domingo, 21 de novembro de 2010

Orgânicos e Biodinâmicos – vinhos ecologicamente corretos

Muitos ainda desconhecem os vinhos orgânicos, que invadiram o mercado seguindo a onda sustentável mundial. Produzidos em países do Novo e do Velho Mundo, os vinhos orgânicos são o resultado de uma agricultura que não agride o meio ambiente. Não se utilizam herbicidas ou pesticidas químicos para eliminar as pragas que prejudicam a vinha e nem adubos químicos, já que eles são absorvidos pela raiz e podem contaminar a planta e também o solo.

Sem dúvida alguma, trata-se de uma agricultura que exige um trabalho extremamente complexo dos produtores e isso inclusive aumenta os custos de produção. Por outro lado, traz incríveis benefícios em longo prazo, principalmente no que diz respeito ao equilíbrio da natureza.

Diferentes espécies de vegetação, como gramas, flores entre outras, se misturam às parreiras, atraindo insetos que ajudam a combater os inimigos naturais. O controle das ervas é feito, além dos insetos, por outros animais que convivem no meio da plantação. Os cavalos são utilizados na aeração do terreno, as galinhas e os patos comendo os insetos. Mas além de toda harmonia entre a biodiversidade a principal condição de um vinhedo orgânico é o uso de produtos naturais e de origem biológica.

No Brasil, o enólogo uruguaio Juan Carrau é o único que produz comercialmente vinhos certificados como orgânicos, em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai.

Quando falamos dos vinhos biodinâmicos, além de seguir os mesmos preceitos da produção orgânica, os produtores respeitam o calendário lunar e utilizam preparos naturais para borrifar nas parreiras como forma de prevenção a possíveis doenças.

Os seguidores da biodinâmica consideram o vinhedo um organismo vivo e não defendem apenas um sistema de produção agrícola, mas todo um modo de vida, um jeito de pensar, no qual grande parte dos esforços se volta para a prevenção das doenças que afetam as parreiras. A formulação de preparados exóticos – como esterco bovino fermentado num chifre de vaca que é enterrado no solo em pleno inverno ou ainda sílica misturada com água da chuva dentro de um chifre de vaca, que é soterrado na primavera e desenterrado no outono – é um dos diferenciais dos biodinâmicos em relação à produção convencional e aos orgânicos em geral. O conteúdo desses preparados é diluído e energizado ou ativado por um processo denominado dinamização, que lembra procedimentos da homeopatia, e depois é aplicado no solo ou nos vinhedos de acordo com os ciclos da lua e de outros preceitos cósmicos.

Parece loucura? Pois a partir do momento em que o famoso Domaine de La Romanée-Conti (DRC), uma mítica propriedade situada na Borgonha, converteu-se aos preceitos da biodinâmica, o conceito de vinhos “ecologicamente responsáveis” difundiu-se pelo mundo.

Confira algumas vinícolas da Argentina e do Chile que também seguem o estilo de produção orgânica ou biodinâmica:

Orgânicas

-Familia Zuccardi – Mendoza / Argentina (www.familiazuccardi.com)

-Viña De Martino – Chile – (www.demartino.cl)

-Cono Sur – Chile – (www.conosur.com)

-Bodega Chacra – Patagônia / Chile (www.bodegachacra.com)

-Emiliana – Chile (www.emiliana.cl)

-Bodega Colomé – Salta / Argentina (www.bodegacolome.com)

Onde comprar:vinhos Biodinâmicos

ENOTECA DECANTER (31) 3287-3618

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(31) 3286-7077

Agora que você conhece um pouco mais sobre o assunto, o que pensa desses estilos sustentáveis e místicos de produção?

4 comentários:

  1. Vinho & moda virando espaço para debate a respeito de sistemas de produção e preservação do planeta…muito bom, rsrs. Como agrônomo de formação, vou dar minha opinião. Que é necessário preservar o planeta e que excessos foram e são feitos, não há dúvida e duvido que alguém discorde. Que as pessoas consomem produtos cada vez mais de acordo com suas filosofias de vida, também. À medida que a renda aumenta, se alimentar (de bebida ou comida) tem menos a ver com a necessidade fisiológica e mais a ver com aquilo que se harmoniza com sua forma de ver as coisas e viver, e o orgânico e o biodinâmico são exemplos. E isso é mercado (obs: não sei – e talvez fosse interesse abordar – se há algum estudo comparando aroma e paladar de vinhos convencionais x orgânicos x biodinâmicos).
    Mas é preciso lembrar que a produtividade do orgânico é bem menor do que o convencional, na maioria dos casos. Isso quer dizer que se o mundo virasse orgânico, seria necessário ter mais áreas para produção, ainda mais considerando que a população da Terra cresce e que vai consumir mais. E isso não se alinha a preservação do planeta, certo? Não há ainda tecnologia suficiente para ter alta produtividade com orgânicos, de forma generalizada. Claro que haverá mercado para orgânicos e afins, e crescente, mas não é ainda uma solução generalizada.
    O outro ponto é que há um preconceito com o uso de agrotóxicos, a começar pelo nome – o termo técnico correto é defensivo agrícola. Claro que eu prefiro consumir produtos com menos interferência, mas os períodos de carência existem para garantir que não existam riscos para a saúde. As pessoas associam agrotóxico a veneno, como se tudo que consumíssemos estivesse contaminado. Não é bem assim, apesar de haver excessos, com certeza. Mas é preciso ter isso em mente.
    Por fim, há diversos trabalhos mostrando que o risco de contaminação de produções orgânicas com bactérias e fungos potencialmente muito perigosos é muito maior do que em produções convencionais, o que é compreensível. Há, portanto, um potencial trade-off.
    Posto isso, é de qualquer forma importante que: a) sejam feitas pesquisas para reduzir o uso de insumos sem comprometer a produtividade (o que demandaria mais áreas) e sem aumentar o risco de doenças; b) seja reforçado o uso consciente de insumos; c) haja engajamento dos consumidores que, ao final, estimulam as mudanças.
    Talvez mais importante do que o não-uso de insumos externos seja o uso consciente, harmonizado. Há produtores que fazem um trabalho belíssimo nesse sentido, seus solos têm matéria orgânica cada vez mais alta, a produtividade cresce, e não são orgânicos (não conheço muito a biodinâmica, mas aceito o fato de que nosso conhecimento é limitado e pode haver outros aspectos que condicionam o desenvolvimento das plantas).
    Um último ponto: uma das maneiras de reduzir o uso de insumos é através da engenharia genética, da temida transgenia, da qual não iremos fugir. Ela permite criar plantas resistentes a determinadas pragas, ou mais eficientes na absorção de nutrientes, por exemplo. Estamos dispostos? Não há almoço grátis, como dizem os americanos!!!
    Mas é isso aí, legal a discussão e parabéns pelo blog, cada vez melhor.
    Abraço,

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  2. SOLANGE, após o post pouco tenho a falar do assunto. Só acrescento que o movimento do vinho orgânico é fortíssimo na Alemanha, aliás como um todo, pois até as casas, como em Freiburg recebem uma ajuda do governo para que tenham telhados plantados, justamente visando um consumo menor de energia para mantê-las na temperatura adequada. E o movimento não fica apenas nas moradias, se dissipa para os alimentos, como a carne, o leite, enfim, CHEGA DE AGROTÓXICO.
    O vinho como alimento e manifestação cultural de um povo não poderia ser diferente, sendo assim a tendência é de que este tipo de sistema vença. Aliás, já li em algum lugar sobre o “cansaço” da terra em alguns locais produtores na França e Itália, justamente pelo uso excessivo de agrotóxicos.
    Também é certo que os vinhos vindos de sistemas, por assim dizer naturais, como o biodinâmico ou o orgânico, por certo apresenta aroma e paladar diferenciados em relação aos produzidos com agrotóxicos. Assim como os alimentos, com agrotóxicos maiores e mais bonitos, mas sem gosto. Os que não usam agrotóxicos são menores, mais feios mas com muito mais sabor e preservando o valor nutricional.
    Agora, o movimento, seja biodinâmico ou orgânico é, fundamentalmente, um movimento cultural, ou nos passamos, também a nos preocupar com nossa saúde e com a saúde da natureza ou ficaremos todos doentes. Dinheiro é importante na vida, mas não é tudo.
    Também, de certo modo ligado a este movimento está o slow food que começou na Itália, onde, preservam a verdadeira refeição entre amigos e familiares, sem tempo para terminar.
    certo modo, nos leva a este, a diferença entre os vinhos no Chile e na Argentina. No Chile as pragas são muito mais raras que na Argentina, então existe muito menos correção química na produção dos vinhos.

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  3. Carvalho obrigado pela opinião profisisonal que ajuda muito nessa discussão.
    Com comentaristas como de Carvalho e Ismael eu nem preciso escrever o blog.
    Fico com a parte de só degustar OK?
    Obrigado a todos Valeu a aula.
    Abraços solange

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  4. Olá!

    Ja provei alguns da linha varietal e da organica, são excelentes vinhos. Estive tambem visitando a vinicola la no Chile e realmente levam o trabalho bem a serio
    abraço

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